A história do bairro começa muito antes da existência de
bares e restaurantes na região. Desde o século XVI, o bairro da Vila Madalena
era habitado por índios que abandonaram a parte central da cidade depois da
instalação dos jesuítas em 1554. No século XVI, a região da Vila Madalena era
chamada de Vila dos Farrapos, e possuía um aldeamento com a presença de índios
e missionários jesuítas.
Já no século XIX, a região passa a se chamar Sítio do
Buraco, onde conta-se a história de um fazendeiro que possuía três filhas: Ida,
Beatriz e Madalena. Cada uma delas daria o nome de uma vila de São Paulo. Outra
parte da vila que pertencia a Madalena pertenceu a Luís Santos Dummont, irmão
de Alberto, o pai da aviação.
No início do século XX, o bairro era conhecido como Risca
Faca. Era um loteamento para trabalhadores de baixa renda que precisavam morar
nas redondezas do centro de São Paulo. O bairro era repleto de botecos,
campinhos de futebol e gente mal encarada. Era um amontoado de casas com baixa
infraestrutura, pouca iluminação e poucos meios de transporte. Em 1910, a
empresa Light, uma das maiores empresas urbanizadoras de São Paulo, anunciou a
construção de uma linha e de uma estação de bondes na região, trazendo
melhorias no bairro, principalmente no quesito transporte, que antes era apenas
por cavalos ou a pé. Isso trouxe uma nova leva de trabalhadores a morarem na
região, assim como trouxe imigrantes portugueses a se instalarem e assim compor
os moradores tradicionais no bairro.
Figura 1: Primeiro trem na região
Fonte: Blog Vila Madalena
O bairro continuou com a característica pacata e rural até a
década de 70, com a chegada dos estudantes da USP. Por conta do fechamento do
Crusp, o complexo de alojamento dos estudantes da USP, pela ditadura militar, a
segunda opção desses estudantes foi de procurar moradia em um bairro próximo a
universidade, com isso o bairro da Vila Madalena foi escolhido. Isso mudou
completamente o perfil do bairro e de seus frequentadores.
O bairro passou a se adaptar a presença dos estudantes,
aumentando o número de comércio na região, dentre eles, bares e restaurantes
que assumiram o caráter de tradicionais, como “Empanadas” e “Bartolo”. Uma
agitação intelectual e cultural mudou o caráter de loteamento de trabalhadores.
Além de estudantes, o bairro passou a ser frequentado por artistas, músicos e
apreciadores de arte e dentro dos bares e ateliês um novo ritmo foi tomando
conta da região.
Figura 2: Casas no bairro antes do boom imobiliário
Fonte: Blog Vila Madalena
Dos anos 90 em diante, com a valorização do bairro e a
presença de um novo público elitizado, houve um boom imobiliário. Das casas antigas para modernos prédios de luxo,
o preço do bairro passou a aumentar também, e os bares passaram a se modernizar
e o público mais uma vez se modificar de jovens estudantes para executivos com
maior poder aquisitivo.
Figura 3: Novos prédios
Fonte: Dos autores
Figura 4: A venda das casas antigas portuguesas
Fonte: Dos autores
Figura 5: Verticalização do bairro
Fonte: Dos autores
Com isso nos leva ao problema atual que o bairro enfrenta,
da verticalização do bairro que tampa a vista dos moradores e retira deles a
história. A Associação de moradores de Vila Madalena até sugeriu um projeto de
tombamento parcial do bairro com o objetivo de impedir essa verticalização.
“Garantir que novos empreendimentos de torres empresariais e shoppings se
mantenham longe”. Diz Daniela França, dona do Lola Bishot. Dentre as ruas
envolvidas nesse projeto se encontram: Aspicuelta, Wizard, Harmonia, Girassol,
Fidalga e o Beco do Batman.
Figura 6: Liberdade de expressão no bairro
Fonte: Dos autores
Há também o problema de alagamento de calçadas, por conta do
soterramento do rio Verde, onde a construtora Idea!Zarvos propõe um plano de
criar calçadas que drenem essa água. A construtora tem vários planos de
melhoria para a região, porém essa não apoia o projeto de tombamento e sim o boom imobiliário. Ele defende que a
construção de novos prédios irá melhorar o funcionamento da cidade e agitar
tanto a vida noturna como diurna da Vila Madalena, trazendo para mais perto
aqueles que apreciam o ritmo do bairro. O novo Plano Diretor pretende
viabilizar a construção desses novos prédios.
Os moradores do bairro ainda alegam que a verticalização
trará malefícios e não benefícios, onde as zonas residências e zonas verdes
exercem a função de pulmão para a cidade. Diante desse dilema, o bairro de Vila
Madalena cresce em visibilidade e atração turística entre os moradores de São
Paulo e turistas do Brasil e do mundo.
Figura 7: Manifestações artísticas no bairro
Fonte: Dos autores
Figura 8: Influência estrangeira juntamente com a presença lusitana no bairro
Fonte: Dos autores
Redigido por: Catherina Pereira
Referências bibliográficas:
HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO PAULO (2014). Disponível em: <
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/pinheiros/historico/index.php?p=472
> Acesso em: 12 de agosto de 2014.
HISTÓRIA DO BAIRRO DA VILA MADALENA (2014). Disponível em:
< http://vilamadalena.wordpress.com/historietas/
> Acesso em: 12 de agosto de 2014.
HISTÓRIA DE VILA MADALENA (2014). Disponível em: < http://www.encontravilamadalena.com.br/vila-madalena/historia-da-vila-madalena.shtml
> Acesso em: 12 de agosto de 2014.
PONCIANO, Levino. Bairros
paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora SENAC. São Paulo, 2003.
Bairro: Vila Madalena. Folha
de São Paulo, São Paulo, 1 jul. 2012. Caderno Cotidiano, p. C8 e C9.
Bairro: Vila Madalena. O Estado de São Paulo, São Paulo, 15 jun. 2014. Metrópole, p. A20.
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