terça-feira, 4 de novembro de 2014

.: Vila Madalena



A história do bairro começa muito antes da existência de bares e restaurantes na região. Desde o século XVI, o bairro da Vila Madalena era habitado por índios que abandonaram a parte central da cidade depois da instalação dos jesuítas em 1554. No século XVI, a região da Vila Madalena era chamada de Vila dos Farrapos, e possuía um aldeamento com a presença de índios e missionários jesuítas.
Já no século XIX, a região passa a se chamar Sítio do Buraco, onde conta-se a história de um fazendeiro que possuía três filhas: Ida, Beatriz e Madalena. Cada uma delas daria o nome de uma vila de São Paulo. Outra parte da vila que pertencia a Madalena pertenceu a Luís Santos Dummont, irmão de Alberto, o pai da aviação.

No início do século XX, o bairro era conhecido como Risca Faca. Era um loteamento para trabalhadores de baixa renda que precisavam morar nas redondezas do centro de São Paulo. O bairro era repleto de botecos, campinhos de futebol e gente mal encarada. Era um amontoado de casas com baixa infraestrutura, pouca iluminação e poucos meios de transporte. Em 1910, a empresa Light, uma das maiores empresas urbanizadoras de São Paulo, anunciou a construção de uma linha e de uma estação de bondes na região, trazendo melhorias no bairro, principalmente no quesito transporte, que antes era apenas por cavalos ou a pé. Isso trouxe uma nova leva de trabalhadores a morarem na região, assim como trouxe imigrantes portugueses a se instalarem e assim compor os moradores tradicionais no bairro.

Figura 1: Primeiro trem na região
Fonte: Blog Vila Madalena

O bairro continuou com a característica pacata e rural até a década de 70, com a chegada dos estudantes da USP. Por conta do fechamento do Crusp, o complexo de alojamento dos estudantes da USP, pela ditadura militar, a segunda opção desses estudantes foi de procurar moradia em um bairro próximo a universidade, com isso o bairro da Vila Madalena foi escolhido. Isso mudou completamente o perfil do bairro e de seus frequentadores.
O bairro passou a se adaptar a presença dos estudantes, aumentando o número de comércio na região, dentre eles, bares e restaurantes que assumiram o caráter de tradicionais, como “Empanadas” e “Bartolo”. Uma agitação intelectual e cultural mudou o caráter de loteamento de trabalhadores. Além de estudantes, o bairro passou a ser frequentado por artistas, músicos e apreciadores de arte e dentro dos bares e ateliês um novo ritmo foi tomando conta da região.

Figura 2: Casas no bairro antes do boom imobiliário
Fonte: Blog Vila Madalena

Dos anos 90 em diante, com a valorização do bairro e a presença de um novo público elitizado, houve um boom imobiliário. Das casas antigas para modernos prédios de luxo, o preço do bairro passou a aumentar também, e os bares passaram a se modernizar e o público mais uma vez se modificar de jovens estudantes para executivos com maior poder aquisitivo.

Figura 3: Novos prédios
Fonte: Dos autores 

Figura 4: A venda das casas antigas portuguesas
Fonte: Dos autores

Figura 5: Verticalização do bairro
Fonte: Dos autores

Com isso nos leva ao problema atual que o bairro enfrenta, da verticalização do bairro que tampa a vista dos moradores e retira deles a história. A Associação de moradores de Vila Madalena até sugeriu um projeto de tombamento parcial do bairro com o objetivo de impedir essa verticalização. “Garantir que novos empreendimentos de torres empresariais e shoppings se mantenham longe”. Diz Daniela França, dona do Lola Bishot. Dentre as ruas envolvidas nesse projeto se encontram: Aspicuelta, Wizard, Harmonia, Girassol, Fidalga e o Beco do Batman.

Figura 6: Liberdade de expressão no bairro
Fonte: Dos autores

Há também o problema de alagamento de calçadas, por conta do soterramento do rio Verde, onde a construtora Idea!Zarvos propõe um plano de criar calçadas que drenem essa água. A construtora tem vários planos de melhoria para a região, porém essa não apoia o projeto de tombamento e sim o boom imobiliário. Ele defende que a construção de novos prédios irá melhorar o funcionamento da cidade e agitar tanto a vida noturna como diurna da Vila Madalena, trazendo para mais perto aqueles que apreciam o ritmo do bairro. O novo Plano Diretor pretende viabilizar a construção desses novos prédios.
Os moradores do bairro ainda alegam que a verticalização trará malefícios e não benefícios, onde as zonas residências e zonas verdes exercem a função de pulmão para a cidade. Diante desse dilema, o bairro de Vila Madalena cresce em visibilidade e atração turística entre os moradores de São Paulo e turistas do Brasil e do mundo.

Figura 7: Manifestações artísticas no bairro
Fonte: Dos autores

Figura 8: Influência estrangeira juntamente com a presença lusitana no bairro
Fonte: Dos autores



Redigido por: Catherina Pereira




Referências bibliográficas:
HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO PAULO (2014). Disponível em: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/pinheiros/historico/index.php?p=472 > Acesso em: 12 de agosto de 2014.
HISTÓRIA DO BAIRRO DA VILA MADALENA (2014). Disponível em: < http://vilamadalena.wordpress.com/historietas/ > Acesso em: 12 de agosto de 2014.
HISTÓRIA DE VILA MADALENA (2014). Disponível em: < http://www.encontravilamadalena.com.br/vila-madalena/historia-da-vila-madalena.shtml > Acesso em: 12 de agosto de 2014.
PONCIANO, Levino. Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora SENAC. São Paulo, 2003.
Bairro: Vila Madalena. Folha de São Paulo, São Paulo, 1 jul. 2012. Caderno Cotidiano, p. C8 e C9.
Bairro: Vila Madalena. O Estado de São Paulo, São Paulo, 15 jun. 2014. Metrópole, p. A20.


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